Montagem: vista parcial de Itapecerica, o vereador Severo Reis, presidente da Câmara Municipal, Praça da Matriz, Estação de Ferro e Rua Direita. – fonte: Minas Gerais em 1925 – Arquivo Público Mineiro.

05/10/2020

Itapecerica guarda memórias dos desbravadores no sertão mineiro

Município é famoso por guardar saberes milenares, como dos cuteleiros, dos marceneiros e dos mestres cervejeiros.

Localizada no sertão mineiro, a 180 quilômetros da capital Belo Horizonte, Itapecerica (penha escorregadia ou penhasco de encosta lisa, em tupi-guarani), foi um importante ponto de descanso para desbravadores que saíam do litoral e seguiam para a Capitania de Goiás, percorrendo as famosas picadas, em busca de ouro e pedras preciosas nos tempos do Brasil Colônia. 

A 853 metros de altitude e de clima ameno – com temperatura média entre 12°C e 30°C –, a então chamada Conquista do Campo Grande da Picada de Goiás passou a atrair moradores quando o bandeirante Feliciano Cardoso de Camargo decidiu procurar por ali o metal precioso. A partir da ocupação, o arraial cresceu a tal ponto que foi incorporado pela Câmara da Vila de São José Del Rey (atual Tiradentes) e nomeado Arraial de São Bento.

Fundada em 1757, a Paróquia de São Bento reuniu fiéis e tinha alta arrecadação de dízimos, o que fez com que a população apelasse para que o então governador das Minas Gerais, Visconde de Barbacena, transformasse o arraial na Vila São Bento do Tamanduá.

Joias do Barro

Data de 1790 um símbolo de poder na cidade, o pelourinho, e há ainda do século XVIII outras joias da arquitetura barroca, como as igrejas de Santo Antônio da Ordem Terceira do Cordão de São Francisco (1801), de Nossa Senhora do Rosário (1819) e de Nossa Senhora das Mercês (1862), instalada no mesmo ano em que a assembleia legislativa da província de Minas Gerais mudou o status da então vila para cidade. O nome São Bento do Tamanduá permaneceu até 1882, quando, por força de lei, a cidade ganhou o nome de Itapecerica.  

Com o passar do tempo, a vila do Centro-Oeste mineiro desenvolveu novas fontes de renda, e a economia local hoje se baseia na extração mineral (grafite), na agropecuária e no setor de serviços e turismo. 

Erguidos no século XX, são destaques na arquitetura local o Casarão da Cooperativa (1905), a Igreja Matriz de São Bento (1912), o Casarão do Elpídio Couto (ou da Mita) e a Praça Melo Vianna (1936), atualmente Praça Dom José Medeiros Leite. Ainda hoje, Itapecerica mantém rico patrimônio histórico, incluindo o casarão colonial bicentenário da Fazenda Palestina, que foi recentemente restaurado e adaptado para o turismo rural.   

Com população que supera os 22 mil habitantes, IDHM considerado alto: 0,713, e a promoção de atrações turísticas como os festivais de Gastronomia Rural (em junho) e de Inverno (em julho), o município também abriga atrativos naturais. 

A aldeia Muã Mimatxi, da etnia Pataxós remete às origens das Minas Gerais, assim como centenas de referências históricas e artísticas que rotularam o município como “Berço Cultural do Centro Oeste Mineiro”. Itapecerica é famosa ainda pelos saberes e fazeres milenares, a exemplo de luthiers (profissionais especializados na confecção e reparo de instrumentos de cordas), cuteleiros, marceneiros e mestres cervejeiros. 

Fonte: Agência Minas

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