VISTA GERAL DA PONTE DA CADEIA EM SÃO JOÃO DEL REI – autor: João Almeida Ferber – Coleção João Almeida Ferber – Arquivo Público Mineiro.

05/10/2020

Maior cidade setecentista de Minas, São João del-Rei guarda casario barroco e colonial

Com celebrações populares, igrejas e construções históricas, São João del-Rei, na região de Campo das Vertentes, é a maior cidade setecentista de Minas Gerais. A arquitetura colonial e barroca é um dos principais atrativos do município, onde residem hoje cerca de 90 mil habitantes. 

A ocupação do local começou no fim do século XVII, com bandeirantes paulistas que passavam pela região, às margens do Rio das Mortes, com intenção de alcançar outros territórios do interior da Colônia. A descoberta de ouro nas imediações atraiu mineradores e aventureiros, que passaram a viver no Arraial de Rio das Mortes, como era chamado até então. 

Em 1713, o arraial foi oficializado como vila, com o nome de São João del-Rei, em homenagem ao rei dom João V, de Portugal. No Morro da Forca, onde eram executados os condenados por crimes, os paulistas ergueram a primeira igreja da localidade, a Catedral Basílica Nossa Senhora do Pilar, finalizada em 1721. No interior da construção, há altares entalhados, grades de jacarandá e objetos de prata. 

Merecem destaque também as igrejas do Rosário, de São Gonçalo, Nossa Senhora do Carmo e São Francisco de Assis – esta última projetada pelo mestre do barroco, Aleijadinho, guarda também o túmulo do ex-presidente da República, Tancredo Neves, nascido na região.  

Tombamento federal

O acervo arquitetônico e paisagístico de São João del-Rei é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Quem visita a cidade pode conhecer igrejas, capelas, pontes, chafariz, casas e imóveis históricos, como o Museu Regional. Nele estão expostas peças que faziam parte do cotidiano dos moradores do município entre os séculos XVIII e XIX. É possível ver móveis, utensílios, pinturas, imagens religiosas, além de instrumentos de trabalho, como balanças de pesar ouro, rocas, teares e arados. 

A cidade também é conhecida por oferecer um passeio de maria fumaça até o município vizinho, Tiradentes. No Museu Ferroviário, os visitantes podem observar balanças, relógios, telefones e ferramentas, além da primeira locomotiva utilizada na Estrada de Ferro Oeste de Minas, em 1881.  

No centro histórico de São João del-Rei, outra atração é a Rua Santo Antônio, chamada pelos habitantes de “Rua das Casas Tortas”, por ser um dos primeiros núcleos de povoamento da cidade. Estreita e cheia de curvas, a via abriga a Capela de Santo Antônio e a sede de duas orquestras bicentenárias: a Lira Sanjoanense (1776) e a Ribeiro Bastos (1790). 

O município tem ainda cinco oratórios de pedra e madeira espalhados pelo Centro, chamados de Passinhos da Paixão de Cristo. Na Quaresma e na Semana Santa, os espaços recebem fiéis em procissão, que rezam enquanto percorrem o trajeto da Via Sacra. 

Além das atrações históricas, São João del-Rei se destaca pelas cachoeiras, como as do Urubu, da Pedreira e dos Três Poços. A Serra do Lenheiro, formação rochosa de quartzito onde é possível ver pinturas rupestres, é uma opção para quem procura passeios em contato com a natureza.

Toque dos sinos

Conhecida nacionalmente pelo toque dos sinos das igrejas, a cidade é referência para outros municípios mineiros que também mantêm esse costume. Por meio das badaladas é possível saber informações sobre missas, procissões e outras solenidades. O rito também é empregado em celebrações como Natal, Semana Santa, casamentos, batizados, festas de santos. Nas ocasiões fúnebres, há como saber, pelo som, até mesmo se a pessoa que morreu era homem ou mulher.

O hábito vem do período colonial, quando o toque dos sinos era utilizado para informar os moradores sobre acontecimentos no município, sobretudo os religiosos. A prática, comum em São João del-Rei e em outras oito cidades mineiras, é considerada patrimônio imaterial pelo Iphan desde 2009.

Fonte: Agência Minas

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