05/10/2020
Riquezas do Ciclo do Ouro e gastronomia típica são atração de Sabará
A cidade, que já foi maior centro de ourivesaria do Brasil, mantém casario, igrejas e chafarizes.
Uma das cidades mais antigas de Minas Gerais, Sabará guarda riquezas do Ciclo do Ouro que podem ser visitadas por turistas que chegam à Região Metropolitana de Belo Horizonte à procura de atrativos históricos. Entre eles, estão a Capela da Nossa Senhora do Ó, representante do Barroco no estado com arquitetura de influência chinesa; a Casa da Ópera, mais conhecida por Teatrinho, segundo teatro mais antigo no Brasil em funcionamento, e o Museu do Ouro, antiga Casa de Intendência e Fundição, que cunhava e taxava o metal, principal moeda de troca do período setecentista.
O reconhecimento como município só veio em 1838, mas a história de Sabará começa anos antes, no fim do século XVII, quando era apenas um arraial de bandeirantes. Hoje abriga uma população de 136 mil pessoas e tem Índice de Desenvolvimento Humano de 0,731, considerado alto.
A palavra “Sabarabuçu” vem do termo tupi itá’berab’uçú, “pedra grande brilhante”, que designava a Serra das Esmeraldas, o Eldorado: um local repleto de prata e pedras preciosas procurado por colonizadores que vieram para o interior do país.
A bandeira organizada por Fernão Dias partiu de São Paulo em 1674 e tinha como finalidade alcançar Sabarabuçu. O bandeirante morreu em 1681, nas proximidades de Caeté, cidade vizinha, mas seu genro, Borba Gato, continuaria seu trabalho e se tornaria uma das figuras mais importantes da história de Sabará e da descoberta do ouro em Minas Gerais.
A região de Sabará havia sido identificada pelo bandeirante Matias de Albuquerque, que sondou o terreno e identificou que ele era favorável para implantar roças, além de ter água, e um ponto de travessia do Rio das Velhas para o sertão, que poderia ser feita a pé. Já em 1702, o arraial era um movimentado centro de comércio de gado, cavalos, escravos e mantimentos, além de ser o mais populoso de Minas Gerais.
A prosperidade fez com que o povoado fosse elevado a Villa Real, absorvendo muitos arraiais vizinhos. A Comarca do Rio das Velhas foi instalada em 1714, com sede no local. A posição estratégica fez da Villa Real do Sabará o mais importante empório comercial de Minas Gerais no século XVIII e em mais da metade do século XIX. Além disso, era o maior centro de ourivesaria do Brasil.
Economia
Até hoje, a cidade explora economicamente o ouro, além do ferro, que também foi central no desenvolvimento do município, com a chegada da Ferrovia Central. A gastronomia também merece destaque: Sabará é conhecida por realizar o Festival da Jabuticaba, no mês de novembro, com licores, geleias e vinhos, e, em maio, o Festival do Ora-pro-nobis, verdura típica da culinária local. Outro segmento que tem atraído visitantes é o ecoturismo, praticado no Arraial Velho e no bairro Pompéu, que são pequenos vilarejos às margens da Estrada Real.
Cidade histórica
Parte da história de Sabará está preservada. O Centro reúne chafarizes, igrejas do século XVIII e casarões do século XIX. A Rua Dom Pedro II, antiga Rua Direita, constitui conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O local abriga o Solar do Padre Correia, um rico e influente padre que foi dono do edifício colonial que, atualmente, é a sede da prefeitura.
A Matriz de Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em 1710, é uma das mais ricas do século XVIII, com características de três períodos da arte barroca. Outro monumento marcante da cidade é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, uma construção inacabada feita por escravos, que decidiram erguer seu próprio templo religioso. Tocada pela Irmandade dos Homens Pretos da Barra do Sabará, a obra foi abandonada com a abolição da escravatura. As ruínas, em paredes de pedra sem reboco, atualmente guardam o Museu de Arte Sacra, com imagens e crucifixos dos séculos XVIII e XIX.
Fonte: Agência Minas