VISTA PARCIAL DA PRAÇA ANTÔNIO CARLOS EM BARBACENA (MG) – 1938 – autor: Casa Renascença – Coleção Municípios Mineiros – Arquivo Público Mineiro.

02/10/2020

Um dos primeiros povoados a se tornar município, Barbacena nasceu em localização estratégica

“Cidade das Rosas” ainda guarda exemplares arquitetônicos dos períodos barroco e colonial.

Nascido no entroncamento dos caminhos Velho e Novo da Estrada Real,
Barbacena foi um dos primeiros povoados mineiros a ser reconhecido como
município. Assim como a maioria dos arraiais do século XVIII, o local foi
ocupado por bandeirantes paulistas e portugueses, mas tem sua origem em
uma pequena aldeia de índios Puris. 

A “Cidade das Rosas”, que tem atualmente 137 mil habitantes, ganhou essa
alcunha na década de 1960 por causa do cultivo de flores como uma das
principais fontes de renda para os moradores. Além de rosas, crisântemos,
copos-de-leite, lírios e gérberas também são comercializados pelo município da
região de Campo das Vertentes. No passado, porém, mineração, lavoura e
criação de gado foram as primeiras atividades a reunir pessoas na região de
Borda do Campo, como era conhecido o território há quase 300 anos.  
No arraial, casas comerciais atendiam os tropeiros que circulavam na Comarca
do Rio das Mortes, em busca de interiorizar a ocupação da Colônia. Uma
capela funcionou como matriz temporária, até a construção da igreja nova, a
Matriz de Nossa Senhora da Piedade, concluída em 1764, em um espaço
maior que o anterior para abrigar a população. No fim do século XVIII, o arraial
foi elevado ao status de vila, ganhando o nome de Barbacena, em homenagem
ao Visconde de Barbacena. 

Patrimônio

Além da Matriz de Nossa Senhora da Piedade, o município tem outros edifícios
históricos, construídos em estilo colonial. Exemplos são a Igreja da Boa Morte,
de 1815; o Solar dos Andradas e o Museu Municipal, que guarda acervo de
fotografias, peças da época do Império e objetos de políticos da região. 
Outro local interessante para se visitar é o prédio da antiga cadeia pública da
cidade, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico
(Iepha-MG). Atualmente, o espaço abriga a Casa de Cultura de Barbacena,
que reúne biblioteca e conservatório municipais. 

Loucura

Barbacena era uma passagem estratégica para quem ia para o interior de
Minas Gerais, por ser um dos caminhos que ligavam o estado mineiro ao Rio
de Janeiro. Por ficar em uma região de clima ameno, a cidade tinha um
sanatório particular, inicialmente utilizado por pacientes em busca de
tratamento para a tuberculose. O prédio, que foi transformado em hospital
psiquiátrico em 1903, guarda parte da triste história da loucura no país. 
O Hospital Colônia de Barbacena, que hoje abriga o Museu da Loucura em um
de seus pavilhões, ficou conhecido por receber indigentes de todo o estado. Os
maus tratos, a superlotação e a aglomeração de pessoas em situação de
vulnerabilidade social – como mães solteiras, crianças, gays, prostitutas e

dependentes químicos -, marcaram um período que hoje é relembrado sob o
viés da luta antimanicomial.

O museu é um espaço de registro, memória e conscientização mantido pela
Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), em parceria com a Fundação
Municipal de Cultura de Barbacena. Com acervo composto por vídeos, fotos,
documentos, pinturas e desenhos feitos por internos e equipamentos da época
do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, o local conta a história do
tratamento dado às pessoas com sofrimento mental.

Cultura

Por outro lado, Barbacena também foi palco de ricas experiências culturais na
história do país. Foi na “Cidade das Rosas” onde aconteceu um dos primeiros
testes de cinema sonoro, sincronizando áudio e imagem. “Uma transformista
original”, exibido em 1915, é uma opereta silenciosa que mescla cenas da
cantora Brazília Lazzaro à gravação da voz dela, registrada e reproduzida em
um disco de gramofone. O filme também foi pioneiro ao colocar uma mulher
como operadora de câmera, Rosina Cianelli.
 
A música e as artes cênicas ganham destaque entre as iniciativas culturais da
cidade. Barbacena é sede do grupo de teatro Ponto de Partida, que mantém
uma escola profissionalizante e gratuita de instrumentos, canto e engenharia
de som.

Fonte: Agência Minas

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